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lyrics
Silêncio atrai silêncio.
Atroz é o silêncio
quando aí ouvimos a nossa voz.
Violência atrai violência.
Trago a consciência entorpecida
por tanta coisa que dói.
O que eu não fiz não quero ver,
o que eu não quis não quero ter.
O que eu não dava pra sair
deste marasmo em que me afogo.
Incêndio atrás de incêndio
salvo sempre o mesmo
para não duvidar do coração;
pra ter noção do chão —
são filhos de outras lutas, já vencidas,
que me inspiram a ambição.
O que eu não quis preciso ter,
o que eu não fiz vou ter de fazer.
Afinal não posso esperar
mais um minuto, este minuto sequer,
se quero viver sem depender
daquilo que Deus quer.
Domesticada a mente
ponho-me ao corrente:
tudo passa se os passos se dão em frente.
E, consequentemente,
esbracejo exasperado entre o passado,
o futuro e o presente.
Se ainda não fiz nunca hei-de fazer,
se isto não entendo nada hei-de entender.
O que eu não dava pra ter paz...
O que eu não dava pra deixar de doer.
Dou tempo ao tempo,
o tempo nada me dá em troca,
aliás, pede-me sempre mais tempo.
Só mais um mês, aguento,
invento novas vidas, novas ruas
onde esquecer o tormento.
Depois daí fico à mercê
não sei de quem, não sei de quê.
Depois daí é o que for.
Volto pra dentro,
que é onde estou melhor,
e vou desfiando o meu rosário de rancor.
Vejo-me um trágico comediante
a rir-se à sobremesa no restaurante.
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