Levanta-te e anda,
já não morres mais do que isso.
Lá fora agora é primavera
e o momento é propício. Então,
levanta-te e anda —
não morres mais por causa disso.
Esforça-te a um sorriso
e anda olhar o precipício;
traz o teu velho medo de cair
e os outros todos que esse arrastar.
Ali, tendo à nossa mercê o chão,
o céu azul e o mar,
nada de mal nos pode acontecer —
mortos estamos nós há meses,
mas a esta carne apodrecida
a vida ainda acode às vezes. Então,
levanta-te e anda, vai —
levanta-te e anda.
Levanta-te e anda,
andar mais não é que olhar com os pés —
nos passos, o espelho do que és.
Sem concluires se os comandas,
avança numa direcção qualquer,
repete os erros se te apetecer;
não exijas porquês
nem porque nãos, basta saber
que nada de mal te pode acontecer —
morto já tu estás há meses.
Eu, nos anos em que vivi,
nunca vi um morto morrer. Então,
levanta-te e anda, vai —
levanta-te e anda.
credits
from Nuno Prata,
released November 25, 2014
Nuno Prata: voz, guitarra acústica, contrabaixo / Nico Tricot: percussão, xilofone, sininhos, teclado, ovinho, ganzá, chapa, voz
New York duo showcase an enigmatic blend of math rock guitars, pop-punk sing-a-longs, emo confessionals, and even rave-ready synths. Bandcamp New & Notable Nov 15, 2023